Epistemologias negras na Comunicação
por encruzilhadas que nos levem ritmicamente além
Palavras-chave:
Epistemologias Negras, Comunicação, Música Negra, RitmoResumo
Este texto, escrito de forma ensaística, busca trazer contribuições para o campo comunicacional a partir de Epistemologias Negras. Propõem-se novas formas de se olhar para o que é considerado ciência e seus atributos, em sua apresentação hegemônica, a partir de sua constituição baseada na colonialidade, eurocentrismo e supremacia branca. Há, por um lado, uma argumentação de que epistemes enegrecidas já carregam desde seus primórdios uma atitude decolonial, centrando-se em subjetividades não brancas e desconstruindo temas, paradigmas, metodologias, assim como a suposta neutralidade dos estudos acadêmicos. Por outro, busca-se demonstrar que precisamos ir além, considerando saberes constituídos em África e suas diásporas, longe do mundo logocêntrico, como novas formas de epistemologia a serem consideradas, principalmente advindas da interação entre cosmopercepções e a música negra.
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