Cantautoras negras

Uma retomada histórica da autoria musical em práticas comunitárias afro diaspóricas e no contexto do surgimento da indústria fonográfica no Brasil

Autores

  • Helen Campos Barbosa UFBA

Palavras-chave:

Escrevivência, cautautoras negras, interseccionalidade, música, afro-diaspórica, autoria

Resumo

O artigo conceitua, historiciza o uso do conceito cantautoria na América Latina contextualizando-o no território brasileiro, especialmente no estado da Bahia. O conceito ao demarcar o lugar de autoria artística especificamente de mulheres negras, considera os corpos femininos produzidos historicamente (hooks, 2000) e realça ainda o quanto as experiências culturais diversas entre e das mulheres estão atravessadas por resquícios das divisões raciais provenientes do sistema escravocrata. Ao tratar sobre cantautorias negras, a partir de um olhar interseccional, busco destacar algumas práticas musicais comunitárias chegando ainda na constituição de uma indústria fonográfica. Pretendo assim caminhar através dos rastros de uma ancestralidade negra apresentando a memória enquanto lugar de (re)escritas e demarcações sócio históricas e de (re)posicionamento no presente de mulheres negras, baianas, artivistas.

Referências

AKOTIRENE, Carla. O que é interseccionalidade? Belo Horizonte- MG: Letramento: Justificando, 2018.

DORING. Katharina. Dona Nicinha de Santo Amaro e Dona Zelita de Saubara: matriarcas negras do Recôncavo Baiano. IN: SANTANNA. Marilda (Org.). As bambas do samba: mulher e poder na roda. Salvador: Edufba. 2016.

CARNEIRO, Sueli. A construção do outro como não-ser como fundamento do ser. 2005. 339f. Tese (Doutorado) – Programa de Filosofia da Educação, Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005.

CRENSHAW, Kimberlé. Documento para o encontro de especialistas em aspectos da discriminação racial relativos ao gênero. Revista Estudos Feministas, v. 10, n. 1, 2000, pp. 171-188.

EVARISTO, Conceição. Da grafia-desenho de minha mãe, um dos lugares de nascimento de minha escrita. IN: ALEXANDRE, Marcos Antônio (Org.). Representações performáticas brasileiras: teorias, práticas e suas interfaces. Belo Horizonte: Mazza, 2007.

hooks, bell. An Aesthetic of Blackness: Strange and Oppositional, In: Lenox Avenue: A Journal of Inter-arts Inquiry, vol. 1, pp. 65-72, 1995.

_____. Linguagem: ensinar novas paisagens/ novas linguagens. Estudos Feministas, Florianópolis, 16(3): 424, setembro-dezembro/2008. Disponível em <https://www.researchgate.net/publication/250040361_Linguagem_ensinar_nov as_paisagensnovas_linguagens>

MCCLARY, Susan. Contruction of Subjectivity in Schubert's Music. In: BRETT, WOOD e THOMAS. (Org.) Queering the Pitch: the New Gay and Lesbian Musicology. Routledge. EUA: 2006. 234 p.

_________________ Paradigm Dissonances: Music Theory, Cultural Studies, Feminist Criticism. EUA: Perspectives of New Music. vol. 32, n. 1, 1994. 85 p.

WERNECK, Jurema. O samba segundo as Ialodês: mulheres negras e a cultura midiática. 2007, Rio de Janeiro. 297f. Tese (Doutorado em Comunicação) Faculdade de Comunicação, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2007.

_________, Jurema. Nossos passos vêm de longe! Movimentos de mulheres negras e estratégias políticas contra o sexismo e o racismo. Revista da ABPN, vol. 1, n. 1, mar-jun 2010.

Downloads

Publicado

17/11/2022

Como Citar

BARBOSA, H. C. Cantautoras negras: Uma retomada histórica da autoria musical em práticas comunitárias afro diaspóricas e no contexto do surgimento da indústria fonográfica no Brasil. Revista Trilhos, Santo Amaro, Bahia, v. 3, n. 1, p. 127–144, 2022. Disponível em: https://revistatrilhos.com/home/index.php/trilhos/article/view/91. Acesso em: 19 mar. 2024.

Edição

Seção

Dossiê Práticas sonoro-musicais: raças, gêneros e conexões comunicacionais