Entrevista: Mercedes Liska
Uma etnografia ativista para pensar as potências sonoras das lutas sociais nas ruas de Buenos Aires
Palavras-chave:
Ativismos feministas, práticas musicais, mobilizações sociaisResumo
A pesquisadora e professora argentina Mercedes Liska, da Universidade de Buenos Aires (UBA), vem desenvolvendo uma investigação para compreender como se dá a apropriação de determinadas práticas musicais em movimentos sociais. Feminista e musicista, Liska, em seus estudos de campo, lança mão de uma etnografía “ativista” e uma pesquisa participativa, e propõe o cruzamento entre a crítica cultural, a experiência musical coletiva e o ativismo feminista para compreender e refletir sobre lutas sociais em um contexto latino-americano decolonial. Com formação em piano e etnomusicologia, seus estudos abordam marcos teóricos e metodológicos dos estudos culturais, das teorias de gênero, da sexualidade e do ativismo feminista. No seu trabalho recente juntamente aos movimentos sociais, optou por ir além de aspectos teóricos e metodológicos, mas atuar e se relacionar com as políticas de artivismo, gênero e diversidade sexual, sempre tendo como perspectiva práticas e representações de gênero. Autora do livro Entre géneros y sexualidades: Tango, baile y cultura popular, no qual analisa o tango na perspectiva do gênero, nesta entrevista a Revista Trilhos ela discorre sobre práticas feministas através da experiência musical coletiva, evidenciando o estudo de caso da batucada de mulheres e pessoas não binárias. Na sua perspectiva, estes movimentos constroem sonoridades em torno da luta e da resistência social. Liska traz a a noção de "ressonância feminista" que para ela remete ao poder acústico de construir som em torno da luta e da resistência social. Nas suas respostas, Liska mostra como a percussão, os tambores funcionam como um recurso de “potência acústica” para habitar os espaços públicos e considera que a sonoridade e a audibilidade das mobilizações são partes importantes para a transformação da encenação dos conflitos. A pesquisadora, entretanto, reafirma que as articulações de significados entre gêneros musicais são dinâmicas, por isso considera uma chave para entender como os processos sociais e culturais são mutáveis e evasivos.
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Cedo à revista Trilhos os direitos autorais de publicação de meu artigo e consultarei o editor científico da revista caso queira republicá-lo depois em livro.