Mediação intercultural versus mediação clássica
a mediação como prática da pedagogia social
Palavras-chave:
Mediação clássica, mediação de conflitos, mediação intercultural, pedagogia social, terceiros lugaresResumo
Quando se fala em mediação, normalmente, a literatura de âmbito psicossocial remete para a problemática da resolução de conflitos e técnicas a usar para esse efeito. Acontece, porém, que os humanos pensam a partir de quadros de valor diferenciados, que podem entrar em choque cultural, e o conflito interpessoal não passar apenas da parte mais visível do processo. Pensar de modo diferente é inerente à condição humana, e as divergências e tensões sociais daí resultantes são, muitas vezes, abusivamente designadas de conflitos, pondo-se a tônica habitualmente na culpabilização individual. Mas discutir todas essas diferenças e compreender os fenômenos de tensão é uma fonte de riqueza, aprendizagem e transformação de todos os implicados. Não se trataria, apenas de encontrar um acordo entre partes, tipo terceiro lugar alternativo. É importante a construção de terceiros lugares, espaços de encontro entre as posições divergentes, mas estes não têm, necessariamente, de ser um ponto equidistante entre os extremos. Se na mediação jurídica e na mediação clássica (conflitos) esse lugar busca a imparcialidade, na Mediação Intercultural estamos perante a crítica à neutralidade/imparcialidade. A Mediação Intercultural, além de preventiva, assume-se como educadora, transformadora da sociedade, comunidades, grupos e indivíduos e construtora de espaços de (con)vivência. Estamos, assim, perante um novo paradigma em que a mediação intercultural se afirma como intervenção dialógica, a partir dos outros e, portanto, como uma prática da Pedagogia Social.
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